Por Antônio Carlos Magalhães | Conselheiro Federal do CFQ, membro da Comissão de de Ensino e Formação Profissional do CFQ, doutor em ciências na área de Química Analítica
A 48ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (RASBQ), realizada em Campinas (SP), abriu espaço para um dos temas mais urgentes da educação superior: a curricularização da extensão nos cursos de graduação em Química. A pauta foi abordada em um workshop que reuniu cem participantes, com exposições institucionais, debates e relatos de experiências voltados à integração entre ensino e extensão universitária.
Promovido pela Sociedade Brasileira de Química (SBQ) — entidade fundada em 1977 e que reúne cerca de 3 mil sócios, 23 secretarias regionais e 12 divisões científicas —, o workshop “Propostas e ações voltadas à curricularização da extensão nos cursos de graduação em Química” buscou discutir, desmistificar e apresentar caminhos práticos para a implementação da extensão como parte da formação obrigatória dos estudantes da área.
A atividade teve como base a legislação vigente no país: o Plano Nacional de Educação (PNE 2014–2024) e a Resolução CNE/CES nº 7/2018, que tornaram obrigatória, a partir de 2022, a inclusão de atividades extensionistas em pelo menos 10% da carga horária dos cursos de graduação. Durante o workshop, foram apresentados modelos institucionais de integração ensino-extensão, projetos práticos vinculados a componentes curriculares e reflexões sobre a interdisciplinaridade das ações extensionistas.
A troca de experiências entre participantes e palestrantes foi um dos pontos altos do encontro. Foram compartilhadas iniciativas desenvolvidas por diferentes instituições de ensino superior, revelando estratégias de implementação da extensão universitária dentro das diretrizes curriculares. Os relatos demonstraram que a extensão vai além da prestação de serviços à sociedade: ela amplia a visão dos estudantes sobre seu papel profissional e social, desenvolvendo competências que transcendem o conteúdo técnico.
O debate também evidenciou que muitos docentes ainda estão em processo de adaptação a esse novo paradigma. Nesse sentido, o evento funcionou como espaço formativo para professores e coordenadores, promovendo maior clareza sobre a validação dos projetos e o papel das pró-reitorias de extensão na homologação das atividades.
Ao longo das discussões, reforçou-se que a extensão universitária deve ser compreendida como parte essencial do tripé ensino-pesquisa-extensão, e não como mero requisito burocrático de carga horária. Sua finalidade está em conectar o estudante à realidade social, estimular o pensamento crítico, promover o diálogo entre saberes e preparar profissionais mais conscientes e engajados com os desafios do mundo contemporâneo.
A diversidade dos projetos apresentados — desde ações com escolas públicas até intervenções em comunidades locais e projetos de sustentabilidade — evidenciou o caráter transformador da extensão, tanto para os alunos quanto para a sociedade.
Ao final do encontro, ficou evidente a necessidade de ampliar espaços de debate como esse, que valorizem a inclusão, a participação social e o compromisso das instituições com o desenvolvimento do país. A curricularização da extensão, embora desafiadora, é viável e essencial para a formação de profissionais éticos, críticos e alinhados com a função social da universidade.
Com esta iniciativa, a 48ª RASBQ reafirma o compromisso da Sociedade Brasileira de Química com uma educação científica de qualidade, comprometida com a transformação social e com a valorização do conhecimento técnico-científico como agente de mudança no Brasil.
Fonte: https://cfq.org.br/noticia/curricularizacao-da-extensao-rasbq-2025/
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