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SGS cria certificação ESG

Meio Ambiente: Abiquim quer tornar Atuação Responsável programa de ESG, ABNT lança sistema para adoção das práticas com apoio do Sinproquim e SGS cria certificação ESG

Em um mundo com metas de descarbonização para empresas e países, mas também cada vez mais engajado em causas sociais, de combate às discriminações, com políticas de inclusão e diversidade, bem como de políticas de governança e compliance, deixar-se distrair com esses temas pode ser fatal para a sobrevivência das companhias. Logicamente, o cenário vale para a indústria química, que se envolve cada vez mais com a agenda que resume essas questões, a do ESG (acrônimo formado pelas iniciais das palavras inglesas environmental, social e governance).

A preocupação, no caso do setor químico, pode ser considerada até antiga, já que sustentabilidade e segurança de produtos e processos faz parte do cotidiano do setor, formalmente, há mais de 30 anos. Isso desde que o sistema de gestão de segurança, saúde e meio ambiente, o programa Atuação Responsável, começou a ser adotado globalmente pela indústria, no final da década de 1980, e no Brasil logo na sequência, em 1992, pela Abiquim.

A partir daí o setor foi desenvolvendo e implementando códigos para os principais temas da sustentabilidade, com metas e indicadores de desempenho que passaram a ser obrigatórios para as indústrias associadas.

Para não limitar os critérios apenas para os grandes grupos do setor, tanto os nacionais como os internacionais, que por sua vez também seguem diretrizes de suas matrizes, mais adiante a Abiquim criou também uma cartilha para conduzir a implementação do sistema de gestão nas pequenas empresas associadas.

Segundo o presidente executivo da Abiquim, André Passos, além dos resultados diretos dos critérios adotados pelas empresas, com indicadores provando ao longo dos tempos as melhorias do sistema de gestão integrado, o programa se consolidou de tal forma que o BNDES passou a considerar em empréstimos a associados o fato de possuírem o Atuação Responsável.

Isso pelo motivo de as ações implementadas de sustentabilidade do programa, que envolvem desde redução de emissões, de consumo de energia, água e resíduos, além de acidentes de trabalho e de transportes, reduzirem também o risco para o financiamento, o que permite a prática de juros mais baixos.

Segundo Passos, a ideia é até ampliar o uso do programa como referência, aumentando a sua divulgação, por exemplo, para a bolsa de valores, a B3, e para o sistema bancário privado como forma de mitigar riscos e reduzir os custos financeiros para as empresas que o adotam. “Ele é um sistema com certificação, com ciclos de verificação e auditoria e melhoria contínua, o que prova sua seriedade”, ressalta.

Mas, na verdade, a Abiquim quer ir além, segundo seu presidente, e tornar o Atuação Responsável um programa de ESG, ampliando seu escopo para itens e critérios que ainda não permitem defini-lo como tal. “Na forma como é hoje, com todas essas recorrentes práticas adotadas ao longo dos últimos 30 anos por todas as signatárias, ele facilita e cria uma cultura para os passos seguintes na agenda de ESG, mas ainda precisa ser complementado”, explica.

Segundo ele, a associação iniciou os trabalhos para criar novos critérios, principalmente para os aspectos sociais e de governança, não incluídos no Atuação Responsável. “Ele não atende todos os critérios do ESG. O peso maior é sobre sistema de segurança de processo e medição de indicadores de emissões, de acidentes de trabalho, resíduos, água energia”, diz.

Para ele, embora ainda não tenha previsão de quando as mudanças estarão prontas, a meta é tornar o AR um sistema de gestão inteiramente ESG, o que não deverá ser uma tarefa muito complicada, já que o Atuação Responsável brasileiro, adotado em vários países a partir da coordenação do Conselho Internacional das Associações da Indústria Química (ICCA, na sigla em inglês), é um dos mais adiantados do mundo.

Outra meta, explica Passos, é replicar também para as novas ações a participação dos grandes grupos do setor como difusores e apoiadores das boas práticas para as empresas de menor porte. “As grandes indústrias, que são muito avançadas nas práticas de ESG, terão papel fundamental nesse modelo, utilizando a estrutura de apoio da Abiquim, com suas comissões temáticas”, revela.

ABNT cria sistemática

A preocupação em estender os conceitos de ESG para as empresas de menor porte, aliás, foi um dos motivos que levou também a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a criar uma prática recomendada, lançada em sua primeira etapa no fim de 2022.

Batizada de ABNT PR 2030 – ESG – Conceitos, Diretrizes e Modelos de Avaliação, a prática foi elaborada por uma comissão de estudo especial de ESG e que, inclusive, conta com a participação do Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais e da Petroquímica no Estado de São Paulo (Sinproquim).

Segundo ela, a ideia é dar uma diretriz sobre cada uma das etapas, com indicadores e metas. “A ideia da ABNT é tornar isso acessível para pequenas e médias empresas, para o ESG não ser acessível só para as grandes corporações, já que o mercado financeiro está exigindo essas práticas e indicadores para todos os portes de empresas”, completa a assessora.

Para Luciana, a primeira etapa da prática é explicativa sobre os conceitos do ESG, para esclarecer os pontos principais que precisam ser entendidos pelas empresas e para elas se situarem dentro dos estágios de identificação do grau de envolvimento com as práticas. Nesse caso, há a divisão em cinco níveis pela PR 2030.

O estágio 1 é aquele em que a organização apenas atende às legislações pertinentes ao tema. No 2, há práticas na empresa, mas ainda dispersas, sem uma visão sistêmica. No 3, há processos estruturados, com mecanismos de controle e busca de melhoria contínua. No 4, a empresa já começa a entender os riscos, ameaças e oportunidades que as ações podem trazer para os negócios da empresa. Por fim, no estágio 5, a empresa já se torna uma influenciadora na cadeia de valor, com capacidade de promover mudanças em fornecedores, clientes e, logicamente, no seu entorno na comunidade, na sociedade civil, com indicadores e metas estabelecidas.

Para o conceito, essas etapas de indicadores e materialidade são parte de ferramenta para identificar os impactos positivos e negativos, relacionados ao ESG, que a atividade da empresa causa para os stakeholders e para a sociedade em que está inserida. “Quando é identificado o que é relevante para os acionistas e que causa impacto no entorno, esses temas passam a ser materiais e precisam ser enfrentados e gerar metas e indicadores”, diz. Com isso, é possível monitorar as ações.

Práticas

Além do efeito de se enquadrar na nova realidade financeira baseada em ESG, porém, o mais importante, para Luciana, é que a adoção das práticas da ABNT trará benefícios para as empresas. Isso se dará pelas várias ações, metas e indicadores sugeridos para atender o eixo ambiental (o E do ESG), que inclui os recursos naturais e energéticos consumidos pela organização, resíduos gerados, os impactos decorrentes e as consequências para os seres vivos.

Pelo eixo social (o S), as ações são para melhoria da relação com os colaboradores (políticas e relações trabalhistas), clientes e sociedade. Esse eixo aborda também o quanto a empresa contribui para o respeito aos direitos humanos fundamentais. Já pelo eixo da governança (o G), os benefícios virão pela adoção do sistema interno de práticas, controles e procedimentos para a organização se governar, tomar decisões eficazes, cumprir a lei e atender às necessidades das partes interessadas.

Nessas ações, há vários exemplos de práticas recomendadas. No eixo E, por exemplo, a empresa deve mapear os principais riscos e oportunidades oriundos das mudanças climáticas para o seu negócio, estabelecendo estratégia e gestão de riscos, e estabelecer sistemática para mensurar e reportar os níveis de emissões dos gases do efeito estufa. É importante também ter metodologia para comparar dados e resultados e introduzir inventário de emissões e remoções. Tudo isso, porém, não surte efeito se não houver publicidade dos dados, o que abrangerá também medidas para redução de consumo de água e energia, e de geração e aproveitamento de resíduos.

Por sua vez, no eixo social, a empresa deve desenvolver uma cultura de gestão para engajar as partes interessadas, com mapeamento para entender as expectativas e demandas sociais. A partir daí devem ser estabelecidos projetos e programas com a participação direta da organização e da sociedade envolvida. Isso, logicamente, com o estabelecimento de indicadores para monitorar os resultados e impactos nos ativos que a organização escolher como foco da estratégia de valor. Outras recomendações são doações às organizações da sociedade civil, apoio à construção de sedes assistencialistas (creches, escolas etc.) e incentivo de voluntariado por parte de colaboradores.

O eixo governança, embora teoricamente envolva menos práticas, é considerado fundamental porque a partir dele toda a estratégia ESG é colocada em operação. Isso se dará por conta da necessidade que a organização terá, ao se comprometer com o tema, de colocar a abordagem ESG como central, com descrição de metas e indicadores de desempenho, assim como o grau de atendimento a elas. A empresa terá ainda que elencar riscos negativos e positivos e as chamadas materialidades, publicando também relatórios periódicos para demonstrar a evolução da estratégia.


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Fonte: https://www.quimica.com.br/sgs-cria-certificacao-esg/

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