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28º ENAIQ expõe indústria química em cenário desafiador e aponta caminhos com nova matriz energética e sustentabilidade

A 28ª Edição do Encontro Nacional da Indústria Química (ENAIQ) ocorreu nesta segunda-feira (4/12) em São Paulo, reunindo industriais de diversos segmentos da Química, além de autoridades como o presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin.

O Sistema CFQ/CRQs esteve representado pelo primeiro-tesoureiro, Newton Mario Battastini, pelos conselheiros federais de Química Rodrigo Moura Rodrigues e Ubiracir Lima, e pelo presidente do Conselho Regional de Química da 4ª Região (CRQ IV – São Paulo), Hans Viertler.

Abertura expôs prioridade para a questão ambiental

O ENAIQ discutiu assuntos muito em voga nos debates mundiais da atualidade, como mudanças da matriz energética, sustentabilidade e aumento da eficiência na indústria brasileira. O primeiro a falar foi o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeiro.

“Vivemos um momento de grandes transformações, mas para além das transformações, uma coisa se mantém intacta: a capacidade de resiliência de nosso setor. Seguimos fortes, empregando nossos esforços para construir caminhos rumo ao ‘Admirável Mundo Novo’ que já começa a se projetar diante de nossos olhos. E é exatamente esse cenário de desafios e mudanças que o nosso evento traz para a data de hoje. Nesse ENAIQ, falaremos sobre as contribuições que nossa indústria tem feito para o atingimento das metas estabelecidas, pelos objetivos para o desenvolvimento sustentável”, afirmou Passos Cordeiro.

Já o presidente da Frente Parlamentar em Defesa das Indústrias Química e Farmacêutica na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, deputado Luiz Fernando Ferreira, destacou o caráter basilar da indústria química e sua capacidade de contribuir para a superação do flagelo da pandemia da Covid-19.

“Quero dizer da honra de estar presidindo essa importante Frente que representa, para mim, a mais importante indústria que nós temos, que são as indústrias química e farmacêutica. Essa indústria foi muito importante para a pandemia. Não se teria absolutamente a vacina, não se teria absolutamente nada, se não fosse a nossa indústria química”, afirmou.

Em seguida, foi a vez de Daniela Manique, a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente do Conselho Diretor da Abiquim. Ela exaltou a capacidade potencial da indústria química brasileira em ampliar sua participação na cadeia global do segmento.

“As indústrias daqui estão na base de tudo e a indústria brasileira tem um potencial fantástico. Ela tem um potencial porque nós temos hoje, efetivamente, já comprovado em estudo da Abiquim, um dos menores índices de pegada de carbono do mundo em nossos produtos. A nossa matriz energética é muito mais limpa, muito mais sustentável do que os nossos concorrentes. Aqui na Abiquim trabalhamos pela atuação responsável, que traz as melhores práticas mundiais para dentro dos nossos associados, para que nós operemos de uma forma muito consciente e segura”, afirmou Daniela.

Jorge Lima, secretário do Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, destacou o enfrentamento de gargalos de infraestrutura local para o avanço da indústria paulista.

“Nós temos um grupo de trabalho, estamos alcançando e vemos o que pode ser feito. Entendemos que os gargalos de São Paulo são diferentes do restante do Brasil. Alguns passam pela guerra fiscal, o que nos motivou a apoiar a reforma tributária, já que qualquer cobrança no destino acaba com a guerra fiscal. Então, isso é fundamental, foi uma das coisas nas quais estamos apostando”, indicou o secretário do governo Tarcísio de Freitas.

O deputado federal Afonso Motta (PDT-RS), coordenador da Frente Parlamentar da Química no Congresso Nacional, destacou que no último ano um dos focos do trabalho do colegiado foi ampliar os interlocutores e a participação da Frente, citando a atuação do Conselho Federal de Química (CFQ):

“Pragmatismo não significa demérito, mas significa a necessidade de estar atento a um debate que passa por um conjunto de políticas públicas e um debate que se renova constantemente, especialmente nesse segmento da Química. Por que eu falo o segmento da química? Porque nós, a partir dessa nova legislatura que se iniciou neste ano, nós entendemos que fortaleceríamos o nosso ativismo parlamentar com uma ampliação da Frente. E é por isso que hoje a Frente Parlamentar, que era uma frente parlamentar da indústria química, se ampliou, trazendo o próprio Conselho Federal da Química, várias representações industriais da Química, comerciais da Química, que nos fortalecem muito”.

O presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, destacou iniciativas do governo federal em favor da competitividade da indústria química, como a prorrogação do Regime Especial da Indústria Química (REIQ) e a reforma tributária.

“Até 2027, nós teremos a regra especial (REIQ), estimulando um setor estratégico para a indústria e a economia brasileira. Nós sabemos que o setor tem grandes empresas, mas tem também outras menores. Lançamos o Brasil mais produtivo para pequenas e médias empresas: são R$ 2 bilhões para melhorar a competitividade dessas empresas. São 93 mil empresas que já começaram presencialmente e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) vai, indústria por indústria, identificando os problemas de competitividade e produtividade. Também queria destacar a reforma tributária, a isonomia tributária para o complexo da saúde, hoje há uma isonomia contra a empresa brasileira e isso foi incluído na reforma tributária, a isonomia tributária. Aqui foi bem destacada a importância da reforma tributária e como ela simplifica o sistema: cinco impostos sobre consumo, virá um IVA (imposto de valor agregado), que desonera completamente o investimento e desonera completamente a exportação porque acaba com a cumulatividade e tira um dos instrumentos fundamentais da guerra fiscal, que é a passagem (da cobrança) da origem para o destino”, concluiu o presidente em exercício.

Mesas de debate diversas marcaram ENAIQ

Uma série de mesas de debates se seguiu à abertura. A primeira foi “a indústria química sustentável do presente e do futuro”, onde os palestrantes destacaram os caminhos a seguir para alcançar a produtividade e a competitividade sem se distanciar das metas de ESG.

Na segunda mesa, o professor e economista Paulo Gala mediou um painel rápido que tratou das iniciativas do governo e que afetam a indústria química intitulado “Expectativas para o futuro com a criação de políticas industriais para o desenvolvimento sustentável”, ao lado de Verena Hiltner Barros, secretária-executiva do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviços, e Maurício de Oliveira Abi-Chahin, coordenador-geral de Monitoramento de Política Setorial do Ministério de Minas e Energia.

Abi-Chain afirmou que há um trabalho no governo para que o gás natural produzido no Brasil chegue ao setor produtivo a custos mais módicos.

“Só dessa maneira, com a pressão do setor produtivo, fazendo associação com as empresas, que a gente vai poder fazer uma política muito eficiente, enfrentar os problemas que hoje estão nos setores de petróleo e gás, para que a gente possa criar um aumento da eficiência e assim fazer o gás natural chegar em maior quantidade e a um preço mais módico”, afirmou.

O terceiro painel teve como tema “A indústria química e o Meio Ambiente”, contando com as palestrantes Thaiane Resende, diretora do departamento de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Mudança de Clima, e Fernanda Romero, gerente de Políticas para Químicos e Poluição do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

Fernanda Romero destacou que o lixo no mar foi um dos elementos que chamou a atenção das Nações Unidas para a questão dos poluentes e dos produtos químicos. Ela destacou o lançamento do Marco Global sobre Produtos Químicos, baseado em 28 metas que visam melhorar o gerenciamento adequado de produtos químicos e resíduos.

No quarto bloco do ENAIQ, uma mesa de debates um pouco mais longa reuniu oito palestrantes que deram um panorama detalhado do estágio de diversos setores, suas dores e potencialidades. Estiveram presentes representantes dos setores automotivo, cuidados pessoais, embalagens, fertilizantes e construção civil que falaram sobre a importância da indústria química para o desenvolvimento de produtos inovadores e sustentáveis.

Um dos palestrantes, José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira do Plástico (Abiplast), destacou que o setor busca tornar o plástico mais amigável para a sociedade.

“Temos de trabalhar com temas como a economia circular. É muito bom essa questão estar em discussão, cada vez mais, sobre como se pode fazer para ter um consumo responsável dos produtos plásticos”, afirmou.

Outro palestrante do grupo, Paulo Engler, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e Profissional (ABIPLA), destacou o caráter de dependência do setor de saneantes junto aos demais setores da indústria química.

“A indústria de produtos de limpeza bateu seu recorde histórico em 2019, e manteve esse recorde nos anos seguintes. Eu acredito que ela é uma indústria que aproveita toda a mega-estrutura química do país. Isso é importante. Então, a indústria química não pode sequer soluçar, quanto menos ficar doente, porque senão nós pegamos pneumonia”, salientou Engler.

Números trazidos pela Abiquim demonstram cenário desafiador

No encerramento, o presidente-executivo Abiquim, André Passos Cordeiro, voltou ao palco para brevemente fazer um balanço dos números da Química em 2023, compilados no documento “O desempenho da Química brasileira em 2023). Os números trazidos por Passos Cordeiro expõem um ano complicado, com resultados a indicar um cenário desafiador para a indústria química, premida entre uma realidade de concorrência internacional pouco favorável e dificuldades de competitividade interna. Nada, porém, que abale a crença da Abiquim na força do Brasil na área da Química.

“Esses números demonstram a necessidade urgente da criação de políticas que garantam a competitividade e a retomada de crescimento para um setor que é tão importante para a nossa sociedade. Mas o Brasil possui uma indústria química madura e empresas tradicionais com muitas décadas de atuação. Essas empresas já viveram no passado desafios até maiores do que os atuais. E foi graças a essa maturidade, à competência, à capacidade competitiva já demonstrada e às vantagens comparativas do mercado que o nosso país está seguindo”, concluiu.

Sistema CFQ/CRQss celebra sintonia com agenda da indústria química

No Sistema CFQ/CRQs, a participação no ENAIQ, na condição de apoiador do evento, expõe o patamar e a afinidade entre o setor produtivo e o conselho de fiscalização profissional.

“A importância da participação do Sistema CFQ/CRQs é de que representamos um segmento muito importante para a indústria, que são os profissionais. São eles que movimentam essa economia. A gente observa a diversidade dos setores representados e, então, se dá conta de que todos têm relação com a Química e que todos contam com a participação de profissionais da Química”, avalia Battastini.

O presidente do CRQ IV, Hans Viertler, saudou a presença do Sistema CFQ/CRQs. Ele avalia que o CRQ de São Paulo, por exemplo, conta atualmente com boas relações com políticos das mais diferentes correntes ideológicas, o que afasta preconceitos e favorece não só o Sistema, mas também os profissionais.

“Acho que o (presidente em exercício) Geraldo Alckmin fez uma fala muito boa, ele é alguém reconhecido por defender a indústria. Temos boa relação com o governo de São Paulo e com a oposição também, o coordenador da Frente da Química de São Paulo, por exemplo, é um deputado do PT. É sempre importante ter boas relações, mas eu acho que nós vamos indo. O importante é que a gente tenha assento, voz e converse com as pessoas”, resumiu.

Na opinião dos conselheiros Ubiracir Lima e Rodrigo Rodrigues, o 28º ENAIQ contribuiu para dar a dimensão da importância do profissional da Química e mais – deixou claro que o Sistema CFQ/CRQs trilha o caminho correto para se somar aos demais atores no segmento.

“O ENAIQ nos conduz à realidade da indústria química. Desde o ano passado vemos que diversos temas se fizeram presentes. Se falou bastante energia limpa e das fontes de hidrogênio verde, temas que também são caros a nós. O Conselho Federal de Química foi citado nas falas e enaltecido, exatamente por se fazer presente nesses debates. Essa presença é fundamental, visto que a indústria química é a indústria das indústrias”, afirmou Lima.

Rodrigues, por sua vez, vê confluência de interesses entre a Química e a sociedade, com benefício para os profissionais e empresas.

“Não existe nenhuma indústria sem a indústria química. Somos a base do desenvolvimento nacional. Esse evento é extremamente importante por congregar diversos setores num encaminhamento muito direcionado para a sociedade brasileira. Nosso objetivo é fazer com que profissionais da Química  e a sociedade ajam em prol do desenvolvimento”, concluiu.

Fonte: https://cfq.org.br/noticia/28o-enaiq-expoe-industria-quimica-em-cenario-desafiador-e-aponta-caminhos-com-nova-matriz-energetica-e-sustentabilidade/

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