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Fonte de energia promissora, oportunidade para os profissionais da Química: de olho no futuro, Sistema visita planta de hidrogênio

Em atenção a uma pauta considerada de grande importância pelo Sistema CFQ/CRQs, uma comitiva liderada pelo presidente do Conselho Federal de Química (CFQ), José de Ribamar Oliveira Filho, esteve em Angra dos Reis (RJ) para conhecer de perto o projeto de Hidrogênio Limpo produzido na Central Nuclear de Angra dos Reis.

A visita, que contou com os integrantes do Comitê de Relações Institucionais e Governamentais (CRIG), o presidente do Conselho Regional de Química da 3ª Região (CRQ III – Rio de Janeiro), Harley Martins, e do 2º secretário do CFQ e reitor do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), Rafael Almada, serviu para que o Sistema CFQ/CRQs tivesse contato com uma planta produtiva de hidrogênio que está ociosa – mas que tem potencial de desenvolvimento elevado. A exposição sobre detalhes do projeto ficou por conta do engenheiro químico e coordenador técnico do programa de hidrogênio verde de Angra, Nelri Ferreira Leite.

Falta de demanda atrapalhou expansão no fim dos anos 90

Ele afirma que desde 1997, ou seja, há 26 anos, a usina de Angra começou a produzir um biocida, hipoclorito de sódio, obtido por processo de eletrólise feito diretamente a partir da água do mar. O objetivo da usina era combater e evitar o crescimento de organismos marinhos nos componentes de troca térmica no circuito terciário de Angras 1 e 2. Como subproduto dessa operação, conforme Ferreira Leite, se obtém o hidrogênio, através de um processo inovador que não necessita de dessalinizar a água do mar para a produção de Hidrogênio em larga escala e que, principalmente, não causa impacto ao meio ambiente marinho.

“Quando eu produzi a primeira carga, eu chamei as empresas de gases, na época era a White Martins, que fornecia o gás hidrogênio para as Usinas, e fiz uma oferta: em vez de a gente comprar o hidrogênio para poder usar no nosso gerador elétrico, nós forneceríamos o hidrogênio bruto, eles purificariam e, depois, nos entregariam a parte que necessitávamos em nosso processo. Foi quando me falaram: ‘achei excelente a ideia, mas a quantidade de hidrogênio que vocês produzem aí na usina é muito grande, nós não temos mercado consumidor para esse hidrogênio eletrolítico todo’”, lembrou.

Desde então, conforme o engenheiro químico, o complexo de Angra ventila na atmosfera o hidrogênio produzido no processo de cloração das usinas. O hidrogênio eletrolítico é o mais caro e o mais puro  que existe em termos de processo industrial. Passados 26 anos, a conjuntura mudou. Com o entendimento de que a geração de energia por combustíveis fósseis não preenche os requisitos de sustentabilidade, as atenções se voltaram para o hidrogênio. Assim, a expectativa é de que o hidrogênio que hoje é descartado pelas usinas nucleares possa ganhar um destino mais nobre.

“Hoje nós estamos jogando para a atmosfera 50 toneladas por ano de hidrogênio.  Essa quantidade é suficiente para abastecer uma frota de ônibus interno nossa, uma frota  de carros internos nosso e também produzir energia distribuída com uma célula combustível para poder iluminar os prédios da usina. Então, o nosso propósito hoje é fazer a validação dessa tecnologia do hidrogênio, ou seja, fazer um teste de São Tomé em escala industrial. Eu até conversei com o engenheiro da Toyota que trouxe o Mirai (carro que funciona apenas movido a hidrogênio) para  o  Brasil. Ele falou, “muito bonito, a gente conhecer o Mirai de  perto, está aqui, mas não adianta ele ficar andando a maior parte do tempo em cima de reboque, ele teria que estar  andando de forma autônoma pelas estradas do Brasil movido a hidrogênio”, disse Ferreira Leite.

Hidrogênio verde abre campo de atuação para profissionais

O presidente do CRQ III, por sua vez, aproveitou a visita para defender a desmistificação de fontes de energia como a nuclear – e mesmo as de hidrogênio.

“O mesmo que acontece com a energia nuclear acontece com o hidrogênio. Poderia ser uma fonte limpa de energia e que hoje aqui ainda não é aproveitada. A usina de Angra está se preparando para isso, a gente tem um grande potencial para o hidrogênio verde. Aí a gente espera que a sociedade se informe e que possa utilizar da melhor forma esse tipo de energia limpa”, destacou Martins.

A presidente do Conselho Regional de Química da 19ª Região (CRQ XIX – Paraiba), Raquel Lima, avaliou a visita como inspiradora. Ela, que integra o CRIG e coordena o Colégio de Presidentes do Sistema CFQ/CRQs, lembrou que o debate sobre fontes alternativas de energias está em voga em todo país e abre todo um campo de atuação para os profissionais da Química.

“Na Paraíba, nós temos até em andamento um projeto dessa natureza junto com o governo do Estado e a Universidade Federal da Paraíba, então esse cenário atual é muito importante para os profissionais da área da Química, não só em relação ao sentido da produção do hidrogênio, mas sim também no âmbito ambiental”, concluiu.

Almada comemorou o fato de o Sistema CFQ/CRQs estar envolvido nesse debate e ter ido ao Rio de Janeiro conhecer a estrutura da usina nuclear.

“Acho que é uma oportunidade de mostrar o quanto o Rio de Janeiro tem de desenvolvimento, o quanto a formação desses novos profissionais que pensem novas tecnologias é importante e o quanto o Sistema tem que estar próximo também das indústrias, dos profissionais, das academias e universidades”, pontuou.

Ainda na capital fluminense, antes da visita a Angra, os representantes do CFQ tiveram uma audiência com o presidente da Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2), Paulo Emílio Valadão de Miranda. Ele também considerou positivo o encontro e agradeceu ao Sistema CFQ/CRQs pelo interesse no tema.

“O mundo hoje já produz e consome grandes quantidades de hidrogênio por formas tradicionais. Estamos vivendo a transição energética para uma sociedade de baixo carbono em que o hidrogênio é uma das peças chaves. Para a ABH2 foi muito produtiva a reunião com o CFQ pelas discussões realizadas e pela capilaridade da entidade no Brasil, o que representa uma importante oportunidade para disseminar informações corretas e de elevado nível técnico sobre hidrogênio de baixa emissão de carbono no país”, salientou Miranda.

Fonte: https://cfq.org.br/noticia/fonte-de-energia-promissora-oportunidade-para-os-profissionais-da-quimica-de-olho-no-futuro-sistema-visita-planta-de-hidrogenio/

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