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19º ENBEQ: Pesquisador traz reflexões sobre formar engenheiros químicos com foco nos desafios da humanidade

O professor e pesquisador Marcello Nitz, do Instituto Mauá de Tecnologia (SP), convidou os professores a repensarem os currículos dos cursos de Engenharia Química e colocarem as necessidades sociais no topo dos objetivos da formação dos acadêmicos.

O professor e pesquisador Marcello Nitz, do Instituto Mauá de Tecnologia (SP), convidou os professores a repensarem os currículos dos cursos de Engenharia Química e colocarem as necessidades sociais no topo dos objetivos da formação dos acadêmicos.

Tendo participado ativamente da elaboração das novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN’s), Nitz buscou fazer uma provocação sobre a necessidade de formar Engenheiros Químicos para enfrentar os grandes desafios da humanidade. A abordagem foi feita em um dos painéis do 19º Encontro Brasileiro sobre Ensino de Engenharia Química (19º ENBEQ), realizado nos dias 4 e 5 de outubro, em Salvador (BA), pela Associação Brasileira de Engenharia Química (ABEQ), com patrocínio do Conselho Federal de Química (CFQ).

“A gente fala de formação de profissionais para a indústria, para isso e aquilo, mas esquece de falar da formação do profissional para fazer um mundo melhor. E aí fica o alerta com relação à Engenharia Química e o perigo dela ser uma profissão cada vez menos escolhida se a gente não ficar atento. No Brasil, nós temos vários desafios na saúde, no combate à fome, no transporte, na educação, na geração de empregos, na degradação ambiental, na desigualdade social. E é impressionante como a gente não trata isso no contexto dos cursos de Engenharia e a gente perde uma grande oportunidade de rever, inclusive, a atuação do engenheiro e sensibilizar o jovem para vir fazer Engenharia”, observou o professor.

Consciência social
Em vários momentos da palestra, Nitz fez provocações sobre quais comportamentos dos professores, em sala de aula, podem ser modificados para gerar essa consciência social nos alunos. Em uma delas, ele perguntou para a plateia o que seria preciso fazer, do ponto de vista curricular, para isso acontecer, e logo apresentou sua opinião: “A primeira coisa seria discutir, de alguma maneira, em algum momento do curso, quais são os grandes desafios da humanidade”.

O pesquisador citou como exemplo o aquecimento global e as metas de redução de emissão de carbono. “Será que a gente chega lá e tem uma discussão aprofundada disso? Será que o nosso aluno sabe quais são essas metas? Será que ele sabe como vai estar o mercado de trabalho daqui a dois, três, quatro, cinco anos? Se vai ter que ser responsável por quais processos ou produtos para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, por exemplo?”.

Marcello Nitz participa de vários fóruns internacionais e observa que esse é um movimento que acontece em todo o mundo: formar engenheiros para enfrentar os grandes desafios da humanidade. A Organização das Nações Unidas (ONU) elencou quais são os principais desafios, no que chamou de ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).

Segundo o professor, essa necessidade na formação profissional está alinhada às novas DCNs porque elas já preconizam que se tenha uma visão holística e humanista e se considere os aspectos globais, políticos, econômicos, sociais, ambientais, de responsabilidade social e de desenvolvimento sustentável. “Elas tocam nesses pontos com muita força, mas passa meio despercebido ser capaz de reconhecer a necessidade dos usuários”, avalia.

Para o pesquisador, é preciso sair do óbvio – dos problemas e soluções conhecidas – e levar o estudante de Engenharia Química a buscar soluções para problemas complexos desconhecidos. “Os problemas complexos exigem equipes multidisciplinares. Primeiro é necessário definir o problema, para depois buscar solução observando as suas múltiplas interfaces com foco no social”.

Curricularização da extensão
Marcello Nitz mencionou como oportunidade para isso, as atividades de extensão, de maneira que se deixe as coisas fluírem com liberdade para a complexidade aparecer. Segundo ele, essa liberdade passa por várias frentes como projetos em colaboração com empresas ou instituições de pesquisa ou ainda montando uma trilha de aprendizagem com o que a instituição de ensino já tem. “Você pode envolver mais docentes e, com isso, vai criando essa cultura, modificando o comportamento dos professores até o momento em que se tornará maduro para os demais”, sugeriu.

19ª ENBEQ
A 19ª edição do ENBEQ busca integrar alunos, professores e gestores de cursos de Engenharia Química (graduação e pós-graduação) numa imersão de ricas discussões sobre práticas inovadoras de ensino-aprendizagem nas universidades brasileiras e do exterior – bem como temas atuais e controversos, mas de alta relevância e impacto, como a cibercultura, a hibridização do ensino, a curricularização da extensão, dentre outros.


Foto: Amanda Tropicana

Fonte: https://cfq.org.br/noticia/19o-enbeq-pesquisador-traz-reflexoes-sobre-formar-engenheiros-quimicos-com-foco-nos-desafios-da-humanidade/

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