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24º COBEQ: Pesquisador da UFRJ aponta caminhos para futuros Profissionais da Química

O pesquisador e professor titular do Programa de Engenharia Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), José Carlos Costa da Silva Pinto, chamou a atenção para a necessidade de que os temas relacionados à agenda climática sejam trabalhados com maior profundidade nas salas de aula de Química e de Engenharia Química no Brasil.

Para ele, não basta apenas dizer que algo é aparentemente melhor, é preciso provar com balanços ambientais e energéticos que, de fato, essas ações serão úteis e benéficas para o ambiente e para a sociedade. Nesse sentido, o balanço ambiental é um tema que precisa ser incluído na formação desses profissionais.

“O balanço ambiental, certamente, também será capaz de analisar os balanços energéticos e dizer se, energeticamente, algo é favorável ou não. Há um grande trabalho a ser realizado com a sociedade e com os próprios Profissionais da Química e da Engenharia Química. Não necessariamente uma discussão técnica, mas de esclarecimento, porque nem todo profissional está convencido desse tema. Não porque ele estudou e chegou à conclusão de que os plásticos, por exemplo, são maléficos para o ambiente, mas porque ele não está suficientemente bem informado sobre o assunto e não domina as ferramentas técnicas para isso”, avaliou o professor.

De acordo com José Carlos Pinto, esses materiais plásticos têm que continuar circulando na economia, e aí entram as estratégias circulares de produção e uso. Para ele, é necessário que cada indivíduo esteja convencido disso. “Enquanto um de nós for à praia e jogar o saco de picolé fora, a latinha de cerveja na areia e o garfinho descartável, algo de muito errado ainda está ocorrendo na nossa sociedade e é, por isso, que educação é fundamental”, defendeu.

Transição na Química
O pesquisador vislumbra que o futuro do uso dos combustíveis fósseis para a produção de energia em larga escala está com os dias contados, tendo em vista o aumento da geração a partir de fontes naturais, ou seja, das tecnologias associadas à energia eólica, à energia solar e à energia das marés. Segundo ele, tudo isso indica que é um caminho sem volta e que a sociedade está trilhando para a manutenção do planeta com a redução das emissões de CO2 e o controle dos limites extremos nas temperaturas, que afetam o clima.

Para José Carlos, este cenário traz um grande desafio à Química, que ainda precisa ser desmistificada para a sociedade considerando que continua havendo muita associação dos produtos químicos ao petróleo. Segundo afirmou, 90% do petróleo e praticamente 100% do carvão são queimados para gerar energia e, somente 10% seriam “Química raiz”, aquela que irá produzir tintas, solventes, materiais plásticos e outros.

“Nesse cenário, em que você deixa de usar esses combustíveis fósseis para produzir energia em larga escala, será que as empresas vão se movimentar 300 quilômetros da costa, seis quilômetros no fundo do mar, trazer isso tudo de longe para movimentar um negócio que hoje é cerca de 10% do petróleo? Eu acho pouco provável que isso aconteça e vai abrir oportunidade para outras matérias-primas que vão ser acessadas de maneira bem mais simples, no meu ponto de vista, como no caso da biomassa, estando o Brasil muito bem posicionado para fazer isso”, afirmou o professor.

Com isso, José Carlos Pinto acredita que essa “Química raiz” provavelmente vai fazer uso da biomassa e de outras fontes de matéria-prima, transformando o cenário em um momento favorável para os estudantes de Química e de Engenharia Química, justamente porque o mundo está vivendo um momento de transição na Química. “Essas transições ocorrem historicamente com certa frequência”, ressaltou.

Ainda segundo observa o pesquisador, o Brasil, inclusive, está bem posicionado e tem obrigações importantes nessa área porque ele se coloca para o mundo como grande produtor de matéria-prima oriunda de biomassa. “Nós temos a obrigação de ajudar a construir essa nova Química, que é a Química da biorrefinaria. Eu recomendaria a um estudante de graduação ou pós-graduação que procurasse se vincular a essa Química do futuro, porque as oportunidades são infinitas.”

As oportunidades a que ele se refere estão relacionadas a novas matérias-primas, novos reagentes químicos e novos processos que têm que ser desenvolvidos – não necessariamente uma adaptação ou substituição dos que são usados na indústria do petróleo, mas possivelmente novos materiais com propriedades melhoradas. Isso abre espaço para novas sínteses, novas descobertas e novos produtos.

Esse foi o tema de uma entrevista concedida por José Carlos Costa da Silva Pinto à Assessoria Técnica e à Assessoria de Comunicação do CFQ, por ocasião da palestra ministrada por ele no 24º Congresso Brasileiro de Engenharia Química (24º COBEQ). O tema da palestra foi “Reciclagem Química de Materiais Plásticos Pós-Consumo por Pirólise – Avanços e Desafios”.

Homenagem
Por sua contribuição para o ensino e pesquisa em Engenharia Química com reconhecida atuação no Brasil e no mundo, a comissão organizadora do evento decidiu homenagear o professor ao completar 60 anos de vida, com a instituição do Prêmio José Carlos Pinto de Destaque Científico. A premiação foi concedida aos melhores trabalhos científicos em cada área temática do 24º COBEQ e do 19º Encontro Brasileiro sobre Ensino de Engenharia Química (19º ENBEQ).

24º COBEQ
O Congresso é um evento, realizado pela Associação Brasileira de Engenharia Química (ABEQ), que ocorre a cada dois anos, desde 1976, e é considerado o de maior relevância nacional na Engenharia Química, reunindo pesquisadores da academia e da indústria para a discussão de temáticas relacionadas à pesquisa, inovação e aplicação da Engenharia Química no Brasil e no mundo. O tema deste ano é “O papel da Engenharia Química na transição energética, desfossilização e circularidade da economia” e possui relevância mundial em razão da busca de um futuro sustentável para o planeta. Esta edição acontece de 1º a 5 de outubro, em Salvador (BA) e conta com patrocínio do CFQ.


Foto: Maiara Cerqueira

Fonte: https://cfq.org.br/noticia/24o-cobeq-pesquisador-da-ufrj-aponta-caminhos-para-futuros-profissionais-da-quimica/

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