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Projeto introduz Química e Ciências para alunos de séries iniciais de forma divertida

O “Troca de Saberes” é coordenado por alunos e professores em Juiz de Fora (MG)

Garantir o acesso ao ensino e fomentar as Ciências nas séries iniciais, além de incentivar jovens a se tornarem cientistas, é o que move o projeto “Troca de Saberes”, desenvolvido pelo Laboratório de Pesquisas e Experimentos em Nanociência (LPEN), no Instituto Federal Sudeste Juiz de Fora (IFSUDESTEMG).

Quem está à frente do projeto é Denise Barros de Almeida, professora de Química da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Ela conta com uma equipe voluntária multidisciplinar e engajada na causa, representada por Davi Telles, Ingrid Machado, João Victor Felicio, Luiz Gustavo Oliveira e Tatiana Toledo.

De acordo com Denise, o projeto nasceu com o nome “Campus Portas Abertas”, em que o LPEN abria as portas para que escolas regionais pudessem visitar o laboratório e conhecer o trabalho que os alunos e professores desenvolvem. Mas ao longo dos anos, o projeto abriu para visitação de escolas de outras regiões e ganhou outras vertentes, e assim, desde o fim de 2014, se tornou o “Troca de Saberes”.

A professora enfatiza que os alunos da rede pública acabam tendo contato com a Química de forma tardia, já que nas séries iniciais os alunos são introduzidos muito mais a conceitos de Biologia. Isso resulta em alunos com dificuldade de abstração e de relacionar conceitos.

Uma visita vinda de Argirita, no interior de MG, foi uma das mais marcantes para Denise. “Nesta ocasião, vieram não só alunos e professores, mas também a diretora da escola e até a vereadora da cidade. Todos estavam muito empolgados porque na escola deles não tinha laboratório. Até mesmo a professora de Química nunca havia entrado em um laboratório durante sua formação”, relatou.

Esta visita foi determinante para que o projeto crescesse e saísse da instituição, sendo levado para outras escolas. Ainda segundo a professora, os alunos precisavam ver uma aplicabilidade da Química e as Ciências, de forma colorida, divertida e com muitas brincadeiras.

“Sempre somos muito bem recebidos, tanto pelos alunos quanto pelos professores. Quando vemos um aluno de sexto ano falar que quer ser cientista igual a nós, recebemos um impacto, e isso é gratificante”, contou.

Roteiro de apresentação

Para que o projeto aconteça em escolas diferentes, é fundamental que a escola tenha interesse e disponibilidade. Eles preparam todo o roteiro da visita com muita criatividade, com experimentos clássicos, como o fogo verde, segundo conta Davi Telles, monitor e professor voluntário do projeto, além de aluno do curso técnico integrado em eletromecânica.

“O grande diferencial do Troca de Saberes é a interdisciplinaridade. Temos já alguns experimentos clássicos, como o fogo verde, que todos adoram ver. Outros experimentos envolvem Física e Robótica, e sempre preparamos pensando no que o pessoal vai gostar de ver. Dividimos em duplas para organizar e explicar, junto a uma bancada e um banner com imagens com explicações”, explicou.

As explicações sobre o porquê de tudo acontecer também precisa estar na ponta da língua. De acordo com a professora, a linguagem apresentada é uma questão bastante trabalhada, já que crianças podem não entender a linguagem técnica de nível médio ou superior. “Temos que ter uma forma de explicar que atenda a pergunta da criança. Ela não pode sair sem a sua resposta”, enfatizou.

Luiz Gustavo, que faz o curso técnico integrado em eletromecânica, explicou que eles também precisam estar por dentro da explicação técnica e correta também. “De vez em quando, aparecem pais que são profissionais da área e nós precisamos mostrar que temos domínio do que estamos fazendo”, disse.

A farmacêutica Tatiana Toledo lembrou que, além da apresentação, eles ensinam para representantes da escola visitada alguns experimentos, para que eles tenham essas experiências em sua rotina e consigam passar o conteúdo adiante. “Buscamos ensinar experimentos com materiais de fácil acesso, alguns recicláveis, ou que possam comprar em mercados e farmácia. Isso é feito para que o professor que esteja participando possa trabalhar com outras turmas.”

Ver o mundo como uma criança ajuda no processo criativo. Davi Telles contou que a criatividade do grupo é sem fim, e a todo momento eles têm diversas ideias do que fazer no próximo encontro.

“Esquentou, esfriou, pegou fogo: hora de abraçar a ideia”, brincou, relatando receber ideias nos primeiros momentos do dia que a deixam extremamente feliz e impactada. “Parece que aqui brota ideias de todos os lugares. Desconfio até que eles ficam muito mais tempo no laboratório do que é preciso. Às vezes vejo aluno sair 19h do campus, mas às 7h estão de volta com milhões de ideias. Me pergunto até se eles dormem”, brincou.

A segurança dos experimentos é fundamental para que o experimento possa ser apresentado. Davi contou que muitas crianças às vezes gostam de pôr a mão nos materiais, e por isso eles precisam estar atentos, mas também atender a necessidade de curiosidade delas. “Englobamos também experimentos em que eles consigam tatear e brincar, como um experimento com ímãs”, destacou.


Paixão evidente

De acordo com a equipe, todos são apaixonados pelo projeto, têm uma motivação especial e um apego muito grande com o trabalho desenvolvido. Davi disse que se estão unidos ali é porque existe uma paixão que os move a continuar e se dedicar, principalmente por ser um trabalho muito gratificante.

A professora Denise se inspirou em seu professor Alfredo Luís Matheus, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que também fazia divulgação científica. Ela participava de seu grupo e hoje desempenha esse papel neste projeto.

Já Tatiana acredita que no projeto eles têm a oportunidade de experimentar a docência, de conhecer as salas de aulas e ainda de poder brincar com os experimentos, acertando, errando, entendendo o que é possível e trocando muito conhecimento com os colegas. “Como não trabalhamos apenas com o obrigatório e básico, você mostra para o aluno que o estudo não é chato. E aí você amplia o conhecimento de quem está nos assistindo, fazendo com que elas pensem no universo como um todo, e não só no conteúdo obrigatório”, completou.

Luiz Gustavo declarou que o projeto conseguiu realizar um grande objetivo da vida dele, que é ser cientista, e foi nesse grupo que ele se encaixou e conseguiu transmitir a outras crianças o desejo que ele tinha quando era mais jovem. “Consigo ver nas crianças o que eu era, e consigo entender o sentimento delas de quererem ser o que sou hoje, e isso é muito gratificante”, declarou. Tatiana acrescentou como é legal ver uma referência, conseguir reproduzir esta referência e agora ser esta referência para outras pessoas.

Com todas essas declarações, a professora Denise se emocionou e aproveitou para agradecer. “Sou muito grata por ter meu ‘esquadrão da Química’, como foi apelidado aqui internamente no campus. No ensino da Química, me senti muito realizada, e com essa turma não tem tempo ruim, nem chuva, nem frio, nem nada, eles sempre estão aqui.”

João Victor, que também estuda Engenharia Mecatrônica, diz que é apaixonado por experimentos coloridos, e um dos momentos mais marcantes para ele foi quando visitaram uma escola em Goianá (MG), em que o público era apenas de crianças. “Eu estava ali, apresentando fogo de diversas cores, e lembro de um garoto que toda hora voltava no meu experimento. No fim, ele me olhou nos olhos e disse que queria ser cientista, e depois disso saiu falando para todo mundo. Esta sensação é muito gratificante.”

Ingrid Machado, também aluna da Engenharia Mecatrônica, relembrou que um momento marcante para o projeto foi quando eles estavam apresentando e conseguiram chamar atenção de uma pessoa com deficiências cognitivas. “A gente sabia que essa pessoa tinha alguns déficits e, ainda assim, conseguimos chamar atenção dele e fazer com que a Ciência se tornasse interessante em sua vida”, comemorou.


Futuro do projeto

Em 2023, o Troca de Saberes começou a abranger séries iniciais, do primeiro ao quarto ano, para tentar dar início ao ensino das Ciências da Natureza na base. Na proposta, eles levam Química, Física, Biologia e, agora, Robótica também.

Acesse aqui o Instagram do Projeto para saber mais.

Fonte: https://cfq.org.br/noticia/projeto-introduz-quimica-e-ciencias-para-alunos-de-series-iniciais-de-forma-divertida/

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